quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

JOGADOR DE LEAGUE OF LEGENDS É ETERNIZADO EM HOMENAGEM DA RIOT


Fonte : IGN

Guilherme Eguchi era um verdadeiro fã de League of Legends. Começando a jogar aos 14 anos, ele passava horas no computador e muitas vezes ficava até altas horas da madrugada em Summoner’s Rift. Ele torcia para a equipe paiN Gaming e seu jogador favorito era o Gabriel “Kami” Bohm. Depois de insistir muito, fez com que seu irmão, Lucas Eguchi, começasse a jogar também e até mostrou o MOBA da Riot Games para seus pais, que logo se acostumaram com o passatempo do filho.
No dia 26 de setembro de 2015, toda a família Eguchi tomou um baque. Aos 16 anos de idade, Guilherme foi diagnosticado com leucemia. O câncer, grave e em estágio avançado, levou o garoto a ser internado em uma Unidade de Tratamento Intensiva imediatamente após o diagnóstico. Mas mesmo assim, ele não abandonou sua paixão por League of Legends. “Quando ele estava internado na UTI, falávamos de tentar fazer uma vaquinha para comprar um computador melhor para ele. No final, as pessoas acabaram ajudando a gente a reformar nossa casa, porque ele sairia bem debilitado e precisávamos fazer reformas para quando ele saísse do hospital”, diz Cleusa Maria dos Santos Eguchi, mãe de Guilherme.A ajuda veio tanto de amigos e familiares quanto de desconhecidos e membros da comunidade de LoL. Ela recorda: “Foi uma corrente muito grande para ajudá-lo de pessoas do Brasil todo e parentes nossos que moram no Japão. Acabou que não foi bem assim que a história terminou”. Apesar de muitos esforços não só da própria família, mas também de uma comunidade disposta a ajudar, no dia 28 de outubro, Guilherme morreu.
Mas a paixão do garoto pelo game continuou causando reações mesmo após sua morte. No dia 16 de fevereiro, a família Eguchi recebeu uma inesperada homenagem da Riot Games. “Tudo aconteceu depois do falecimento do Guilherme. Um amigo dele, Arthur Jordão, começou a conversar com a Riot sobre o que aconteceu. Isso trouxe um problema de regularidade: a conta do meu irmão teria que ser excluída, porque não pode existir compartilhamento de contas como eu e ele fazíamos”, diz Lucas, o irmão mais velho de Guilherme.
A Riot proíbe tal prática, mesmo entre membros da família. Segundo a empresa, cada conta deve ser individual.
“Todos ficamos tristes porque [quando foram falar com a Riot] os amigos dele só queriam ajudar. Todos enviavam presentes em forma de itens virtuais para a conta meu irmão, não queríamos que ela fosse perdida porque era algo que Guilherme gostava muito”, comenta Lucas. “Conversamos com o rioter MasterGui e ele conseguiu disponibilizar a conta do Guilherme para mim. Honestamente, manter a conta dele foi em primeiro lugar a maior homenagem. Depois disso eu não fiquei sabendo de nada, mas o Arthur, que era amigo do meu irmão há muito tempo, continuou conversando com a Riot. Ele teve um papel essencial nisso e fez com que a empresa se comovesse. De repente, um dia, recebi um presente em casa”.
“Foi uma coisa muito linda, eu cheguei em casa à noite e percebi que meu marido estava chorando na sala e meu outro filho no quarto sentado com os olhos vermelhos também. Quando eu vi o quadro que a Riot mandou, a emoção foi muito grande. O que eles fizeram foi incrível e lindo”, diz Cleusa.
Passamos muito tempo jogando games tão envolventes quanto LoL e, às vezes, nossos amigos em game se tornam verdadeiros irmãos. Construímos laços, estreitamos relações e guardamos histórias que ficam para o resto de nossas vidas. Não se trata de “apenas um jogo”: é uma experiência muito maior e mais profunda. É um estilo de vida, um meio de criar amizades e sentir-se incluido em uma comunidade de pessoas que partilham dos mesmos pensamentos e gostos.
Roberto Iervolino, gerente geral da Riot Games no país, explicou que a imagem foi criada pela equipe de arte brasileira. “A missão da empresa é ser a mais focada nos jogadores do mundo. O objetivo é engajar com os jogadores. Geralmente nós temos ações que mostram isso, com decisões no dia-a-dia que talvez uma empresa tradicional, que foca no lucro, não possua. Nosso próprio suporte tem liberdade para fazer esse tipo de ação”, fala.
“Meu pai se emocionou porque não imaginou que uma empresa que faz games faria um tributo assim para o Guilherme. Eu queria agradecer a Riot, porque foi muito especial”, reconhece Lucas. “Eu estou utilizando a conta dele agora, ao invés da minha. No começo, pensei se deveria mesmo jogar na conta dele, porque não sou o melhor jogador de League of Legends. Depois, resolvi que faria isso para não deixar a conta dele parada”.
Guilherme Siqueira, amigo dos dois irmãos, resolveu espalhar a historia nos fóruns do jogo. Isso gerou um retorno incrível da comunidade de League of Legends, que não só se comoveu com o caso, mas também dividiu outras experiêcias. “Descobri que a Riot também mandou presentes a outros usuários, como por exemplo o caso de um jogador que caiu do telhado, teve que ficar um tempo no hospital e recebeu um quadro da Ahri”, informa Siqueira. “Eu acho legal o carinho que eles tem em relação aos jogadores. Dá pra perceber que League of Legends não é só um jogo, é algo no qual todos se juntam para dar forças, é uma amizade incrível”.
Lucas recebeu esse carinho da comunidade: “Muitas pessoas me adicionaram e vieram falar comigo sobre o que aconteceu. Eu me senti abraçado por isso”. Assim como seu irmão mais novo, ele agora também passa algumas madrugadas em Summoner’s Rift.

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